sábado, 8 de agosto de 2009

O bom é ser inteligente e não entender

Com uma freqüência fora de hora de adolescente em crise, tento me conhecer, saber o que em mim odeio e amo. Ninguém sabe porque se pergunta tanto a respeito de si mesmo, nem por isso deixa de se perguntar. Não fujo desse padrão.
Para estabelecer limites entre o certo e o errado, entre o bom e o ruim, buscamos formar o conceito do que somos, do que faz parte de nós e do que é dispensável.
Busco conhecer-me afim de estabelecer limites entre o bom e o mau, o prestável e o dispensável. Para saber o que a minha moral irá rejeitar, ou apenas para matar a curiosidade de me ser. Foi procurando a mim que encontrei Clara e Alice. Duas pessoas diferentes, mas há sintonia mesmo que nem sempre perfeita. A primeira será eternamente infantil, conserva em si a fantasia. A outra, calejada pelas dores do mundo, é triste e solitária. Clara tem uma timidez ingênua, doce, contrapondo a ousadia de Alice. Se uma coisa me intriga, é o caráter antagônico que faz dessas duas criaturas um único ser.
Os sonhos são pintados em giz de cera, com cores sem nomes. Um caminho fácil de se perder, sempre quero estar onde não estou. O lugar das cores sempre tem um sorriso, um encanto, uma magia. A Clara é quem me faz pensar que o mundo não é preto e branco.
Assim como o arco-íris anuncia a chuva, a Clara dar lugar a Alice que tem muito a dizer, mas descobriu que os pensamentos não são feitos de palavras, pelo menos não essas que já existem, talvez sejam desenhos e por esse motivo não consegue apresentar o que lhe ocorre. Emudece. E como se houvesse tradução exata, ela tenta falar com os olhos. Mais que tudo ela se atreve a sentir. Caótica e intensa. Viver a solidão dramática de quem vive rodeado por pessoas amáveis não é mérito apenas dela. Coração selvagem, o amor tentou domesticar e não conseguiu. Talvez tenha sido este o choque que separou o sonho da realidade. Mesmo sabendo que sonhos podem ser reais e a realidade pode ser um sonho.
Quando uma parece totalmente indiferente à outra, há o sopro de vida que as toma e as une. Engana-se se pensa ser o amor mútuo ou um laço familiar. É um medo que apavora sem motivos. Medo de ser apenas fantasia ou solidão. Medo de ser. Medo de não ser nada. Medo de ser tudo. Medo de não ter o que temer. Para uma, a vida é feita de alguns contos, para a outra ser feliz é vida clandestina. É conflituosa a relação entre duas pessoas diferentes, mas há sintonia mesmo que nem sempre perfeita.
Entendo que não preciso entender. Não nego a curiosidade de saber como nasceu Clara e como chegou-se em Alice, quero por hora saber que elas existem e isso já sei. Então me basta. Desejo sempre, e disso não abro mão, expor o que supostamente acontece aqui e ali, não que isso vá alterar alguma coisa, não altera nada. Não preciso que mude. É a minha anorexia. Minha vida dividida em quase verdades inventadas. Minha interrogação bem sucedida. Não sendo as palavras que definem os sentimentos, retiro-me sabendo que são os sentimentos que definem as palavras.

3 comentários:

  1. finalmente te linkei no meu, flor.
    li as postagens novas rindo, reconhecendo nossas várias-conversas-que-no-fundo-são-sempre-a-mesma.
    guardei pra mim essa última frase.

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  2. G-sus!!!!!!!!!!!
    Que droga, eu queria conseguir comentar =S
    Odeio esse meu bloqueio =\

    Não acredito que você vá fazer outra coisa da sua vida! [NÃO acredito mesmo!!!!]

    TE amo MINHA escritora!

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  3. Adorei esse texto, passa bem a confusão que acontece no crescimento, na descoberta, na duvida do amanhã e do sempre.
    Tem frases fortes e bem trabalhadas, alias, lindas.
    Muito bom, parabens.

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