terça-feira, 26 de maio de 2009

Nem mais 5 minutinhos...

Essa paz cantada, essa paz pintada. Ela tem hora marcada.
E todo mundo espera, mas ela está sempre atrasada.
E não resolve adiantar 10 minutos para disfarçar, ninguém vai nem notar.
Que horas marcam o relógio da paz?
Os ponteiros apontam pro Norte.
Deve ser meia-noite.
Ou meio dia.
Ou uma meia-vida qualquer.
Alguns comemoram uma expectativa de vida de 80 anos.
Eu não me conformaria nem com 713 milhões.
Que horas marcam o relógio da paz?
Todo mundo só se preocupa porque o despertador tocou.
E acordou quem fingia dormir.
Quem fingia não querer acordar.
Mas o despertador tocou.
Que horas marcam o relógio da paz?

domingo, 24 de maio de 2009

Pelo tesouro no fim do arco-íris


Eu pinto cores e o mundo é preto e branco
Mas pinto cores...
Porque eu não quero o mundo preto e branco
São os amores vermelhos, as esperanças verdes, as prosperidades amarelas, os sonhos azuis... Tudo tem uma cor. A paz é branca, mas o medo é cinza e a dor é preta.
Por isso eu pinto cores, mas o mundo é preto e branco, mais preto do que branco.
Ninguém pode pintar cores.
O mundo está preto e branco porque as pessoas querem pintar cores sozinhas.
E ninguém pode colorir na 1° pessoal do singular, não no presente.
Eu pinto cores, mas eu não disse que o faço sozinha.
Existem pessoas que pintam cores comigo e sozinha eu não conseguiria fazer.
O mundo está preto e branco porque as pessoas querem contrariar a gramática.
Eu não quero o mundo preto e branco.
Pegue um pincel, não queira contrariar a gramática.
Pinte cores no mundo preto e branco, que é mais preto do que branco.
Não pinte sozinho.
Não se pode colorir na 1° pessoa do singular, não no presente.
Mas não deixe de pintar cores, pinte comigo.



[foto: Ricardo Barros]

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Era uma vez sem viveram felizes para sempre

E lamentar não é mais o meu prazer
Dancei o ritual da perda, teria feito até magia negra.
Como se valesse mesmo passar dias a fio maldizendo o mundo pelo inevitável
O amor so existe porque inventamos.
As pessoas são eternas crianças que só sentem prazer em brincar depois que quebram o brinquedo.
O amor é o cavalo de Tróia que teimamos em aceitar.
Tudo está tão claro na minha mente que eu posso ate tocar cada sentimento.
No princípo, quando Deus criou Eva à Adão não lhes disse que a teria feito para dedicar-se em amor, nem ele a ela.
Um contrato social: Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.
Sim, sozinhos somos incompletos. Mas não é amor que nos une, é a necessidade de compartilhar a vida com outra pessoa com a promessa de que ela tornará as coisas mais fáceis. Ou talvez seja só o medo de que o único rosto visto todas as manhãs seja o do espelho.
Já não me incomoda mais desacreditar num sentimento pirateado.
Fico tranqüila por perceber, ou aceitar, que não sou eu quem destrói este sentimento fingidamente puro, ele simplesmente não existe. Os laços se desfazem quando nos deparamos com esta realidade.
No fundo sabemos que ele não é real, é por isso que o buscamos sempre no outro. Quando não o encontramos, decepcionamo-nos com direito a overdoses de chocolate, mas nunca percebemos que não o vamos encontrar, então irracionalmente voltamos à procura do tesouro no fim do arco-íris.
Para os que já entenderam que encontrar o amor é dar 100 voltas imbecis atrás do próprio rabo, os parabéns e a sorte para encontrar um companheiro que de fato torne os sufocos da vida mais toleráveis. Para os Dawsons Leerys, o desgosto e o incessante vazio.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Inspiradora Clarice

Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse sempre a novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui.

Clarice Lispector

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A Sociedade dos Poetas Mortos




Tenho uma tendência natural ao passado. Qualquer coisa que me remeta ao “antigamente” me traz brilho aos olhos. Talvez seja apenas porque o passado não é o presente e é possível que se eu vivesse os anos 70 lamentasse não ter vivido os 50. Quando encontro qualquer coisa que me faça fingir viver em uma época diferente da atual, que me mostre que o presente pode virar passado, minha vida ganha um novo entusiasmo. Desta vez, o que me fez me sentir tão culta quanto as mulheres dos Anos Rebeldes foi a Sociedade dos Poetas Mortos. Ela me faz pensar que o mundo não anda tão ligeiro assim a ponto de as pessoas não terem o menor tempo que seja para se dedicar à leitura e compartilhar conhecimento com quem tem interesse. Ainda que não intencional, há um teor socialista que me deixa ainda mais fascinada. É encantadora a começar pelo fato de ser fechada, exclusiva, quase um pacto, faz-me sentir que sou especial em algum ponto e tenho o privilégio de fazer parte de um grupo seletivo de pessoas a fim de trocar informações.Tudo bem que isso contrapõe os ideais de Che Guevara, no entanto, vamos dar relevância ao fato de dispormos nossos livros para os membros da SPM e à ciranda de livros. Esqueçamos meu lado humano-detestável de ser, que acha que para ser especial é imprescindível que o outro tenha acesso negado aos mesmos privilégios que eu. Lamentável.

*vergonhapróprianestemomento*

Enfim, eu disse para esquecermos.
Falemos da fabulosa idéia do meu irmão e amigo Alan [já disse que amo odiar ele?].

Conheça a Sociedade dos Poetas Mortos. Inspire-se. Apaixone-se. Leia. Descubra-se.




quarta-feira, 6 de maio de 2009

Seja o que for

Nunca estou quando você está
Passo por essa porta tentando encontrar você
Mas você não passa por aqui
A janela lhe parece o melhor caminho, é a porta de quem foge
Então eu vou para lá esperar você passar
Justamente quando você desistiu de arriscar
Te tomo de assalto, te roubo o coração e você so me diz com licença
A sua tolerância nao me desce mais
Grite comigo, dance comigo, beba comigo, fuja comigo...

Seja meu
Meu amigo, meu amante, minha posse
Não tenha medo do dicionário
Não importam as palavras, quem as define sou eu
E elas dizem que você é meu
Meu grito, minha dança, minha bebida, minha fuga...

Essa monotonia nos destrói
Pinte de vermelho o meu coração
Beije a minha boca sem pudor
Não deixe nunca de ser meu
Meu amigo, meu amante, minha posse
Você nao me enxerga
Não quer ver que eu posso transformar o tédio em prazer
Prefere acreditar que somos fraternos
Que somos singelos
Enlouqueço na dúvida do que somos
Do que queremos
Do que seremos
Eu me dsfaço em perguntas quando penso em você
Eu esqueço o mundo, o tudo, o nada.
O nada e o tudo.
Eu grito, eu danço, eu bebo, eu fujo...

Eu nunca te encontro.

domingo, 3 de maio de 2009

Campeão Invicto!


Para alguns, é um time...

Para outros, motivo de deboche...


Mas para mim, é o sentimento mais fiel que tem!


Sou louca por ti, Corinthians!




Ps.: nao fiquem com ciumes meus corintianos, mas eu pegava o Germano. =x Tudo tem Mano no meio mesmo... hahahaha

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Perfeita simetria

Considerando que despejo minhas emoções aqui, em vocês, tento sempre encontrar a definição dos meus sentimentos para expor, nem sempre de maneira clara, o que arde em mim. Por vezes tento, sem sucesso, encontrar as palavras mais adequadas, as descrições mais fiéis. Às vezes concluo que não há definições, outras, que não as encontro simplesmente. Para o agora, a última é a ocasião. Sim, sei o que sinto, mas não consigo transformar o meu drama em algo atraente e digno de admiração poética. Tento equilibrar a dose de agonia à de sensatez, mas minhas palavras choram mais que eu. É nesses momentos que a música torna-se um espaço físico seguro para esconder, ou mostrar, minha dor. Admiro os compositores, escritores em geral, ou pela criatividade ao criar circunstâncias tão cruelmente parecidas com a realidade, ou pelo autodomínio de falar com precisão e sentimentalismo admirável o que um dia lhe afligiu e invariavelmente já afligiu a outrem. Gostaria de ter o dom de escrever na medida certa o meu pesar, o meu lamento, o meu amor perdido, ou o nunca tido. Tenho a tendência natural ao drama. Minha vida tende aos finais mais hiperbólicos, às descrições mais carregadas de angústia. Nisso eu me tiro a culpa, se há alguém que escreve nossas vidas, é no blog dele que devemos dizer quão dramático e perturbado ele é. Sinto que às vezes eu só copio a minha vida. Uso as palavras coerentes ao que aconteceu. Sinto que a culpa é de quem me escreveu. E farei das palavras já ditas o meu dicionário particular, meu tradutor de emoções. Os Engenheiros do Hawaii encarregaram-se de explicitar meus sentimentos de maneira que eu jamais conseguiria fazer com tanta veracidade.

Toda vez que toca o telefone eu penso que é você
Toda noite de insônia eu penso em te escrever
Pra dizer que o teu silêncio me agride
E não me agrada ser um calendário do ano passado
Prá dizer que teu crime me cansa
E não compensa entrar na dança
Depois que a música parou
A música parou (Parou!)
Toda vez que toca o telefone eu penso que é você
Toda noite de insônia eu penso em te escrever
Escrever uma carta definitiva que não dê alternativa
Prá quem lê
Te chamar de carta fora do baralho
Descartar, embaralhar você
E fazer você voltar ao tempo em que nada nos dividia
Havia motivo pra tudo
E tudo era motivo pra mais
Era perfeita simetria
Éramos duas metades iguais
Ao tempo em que nada nos dividia
Havia motivo pra tudo
E tudo era motivo pra mais
Era perfeita simetria
Éramos duas metades iguais
O teu maior defeito talvez seja a perfeição
Tuas virtudes talvez não tenham solução
Então pegue o telefone ou um avião
Deixe de lado os compromissos marcados
Perdoa o que puder ser perdoado
Esquece o que não tiver perdão
E vamos voltar aquele lugar
vamos voltar
Vamos voltar
Vamos voltar
Vamos voltar
Vamos voltar ao tempo em que nada nos dividia
Havia motivo pra tudo
E tudo era motivo pra mais
Era perfeita simetria
Éramos duas metades iguais