sexta-feira, 1 de maio de 2009

Perfeita simetria

Considerando que despejo minhas emoções aqui, em vocês, tento sempre encontrar a definição dos meus sentimentos para expor, nem sempre de maneira clara, o que arde em mim. Por vezes tento, sem sucesso, encontrar as palavras mais adequadas, as descrições mais fiéis. Às vezes concluo que não há definições, outras, que não as encontro simplesmente. Para o agora, a última é a ocasião. Sim, sei o que sinto, mas não consigo transformar o meu drama em algo atraente e digno de admiração poética. Tento equilibrar a dose de agonia à de sensatez, mas minhas palavras choram mais que eu. É nesses momentos que a música torna-se um espaço físico seguro para esconder, ou mostrar, minha dor. Admiro os compositores, escritores em geral, ou pela criatividade ao criar circunstâncias tão cruelmente parecidas com a realidade, ou pelo autodomínio de falar com precisão e sentimentalismo admirável o que um dia lhe afligiu e invariavelmente já afligiu a outrem. Gostaria de ter o dom de escrever na medida certa o meu pesar, o meu lamento, o meu amor perdido, ou o nunca tido. Tenho a tendência natural ao drama. Minha vida tende aos finais mais hiperbólicos, às descrições mais carregadas de angústia. Nisso eu me tiro a culpa, se há alguém que escreve nossas vidas, é no blog dele que devemos dizer quão dramático e perturbado ele é. Sinto que às vezes eu só copio a minha vida. Uso as palavras coerentes ao que aconteceu. Sinto que a culpa é de quem me escreveu. E farei das palavras já ditas o meu dicionário particular, meu tradutor de emoções. Os Engenheiros do Hawaii encarregaram-se de explicitar meus sentimentos de maneira que eu jamais conseguiria fazer com tanta veracidade.

Toda vez que toca o telefone eu penso que é você
Toda noite de insônia eu penso em te escrever
Pra dizer que o teu silêncio me agride
E não me agrada ser um calendário do ano passado
Prá dizer que teu crime me cansa
E não compensa entrar na dança
Depois que a música parou
A música parou (Parou!)
Toda vez que toca o telefone eu penso que é você
Toda noite de insônia eu penso em te escrever
Escrever uma carta definitiva que não dê alternativa
Prá quem lê
Te chamar de carta fora do baralho
Descartar, embaralhar você
E fazer você voltar ao tempo em que nada nos dividia
Havia motivo pra tudo
E tudo era motivo pra mais
Era perfeita simetria
Éramos duas metades iguais
Ao tempo em que nada nos dividia
Havia motivo pra tudo
E tudo era motivo pra mais
Era perfeita simetria
Éramos duas metades iguais
O teu maior defeito talvez seja a perfeição
Tuas virtudes talvez não tenham solução
Então pegue o telefone ou um avião
Deixe de lado os compromissos marcados
Perdoa o que puder ser perdoado
Esquece o que não tiver perdão
E vamos voltar aquele lugar
vamos voltar
Vamos voltar
Vamos voltar
Vamos voltar
Vamos voltar ao tempo em que nada nos dividia
Havia motivo pra tudo
E tudo era motivo pra mais
Era perfeita simetria
Éramos duas metades iguais

2 comentários:

  1. Talvez may tenha razão. Somos muito diferentes e parecidas em alguns pontos. Gostei daqui, do seu espaço. Visita depois o meu.

    Essa música diz muito de mim e desse nosso carma da "distância".

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  2. Gosto de tornar meu espaço, num lugar intimo para outra pessoa tambem e fico feliz que tenha se encontrada de alguma maneira...
    Beijos

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