domingo, 27 de setembro de 2009

Muito além


Como se as palavras fossem suas e num ato de submissão, na sua presença, todas elas se escondem como se não fossem dignas de aparecer para ti. Nem uma delas é inteligente ou bonita o bastante para ser dita a você. Até o silêncio se incomoda por ser tão calado. Tudo na sua presença.
Nada me pertence, nem as palavras, nem o silêncio. A sua possessão sobre tudo justifica meu comportamento inquieto e esquisito. Não tenho o controle nem dos meus pensamentos. Isso só pode ser magia e das mais negras possíveis. Meus olhos não te reverenciam como todas as outras coisas o fazem, eles te desejam. Eles te vêm tão impuro quanto sagrado.Se houvesse uma maneira de impedir isso, eu não mudaria nada. Porque me faz bem o pensar em você. Faz-me tão bem quanto mal. Tão mal que até me faz esquecer que me faz bem. É quando eu sinto vontade de arrancar os olhos. Mas teria de arrancar muito mais que isso. Já estou impregnada de você. Eu tenho que parar com essa mania de você. Parar com a mania de querer o bom e o belo, com a mania de me afixar às mais ilícitas vontades e de sentir que tudo só será melhor se puder partilhar cada minuto com o mais incrível dos desejos proibidos.

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