quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O que eu quero tem nome

Desejar a liberdade sem entendê-la é como ficar em dúvida entre dois tipos de shampoo e escolher o mais caro por acreditar que seja isso que o defina como melhor.
Ninguém sabe exatamente o que é ser livre. Mesmo assim, sempre foi, e nunca deixará de ser, um desejo comum. Não o tipo de coisa em comum que une. Tende mais para o contrario. Talvez um grupo de garotos que gostariam de ter vivido os anos 70 ou que adorariam ser considerados subversivos em plena ditadura militar sintam-se ligados por ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
Mas, nos demais casos, ou até, não vejo porquê não,entre os “unidos venceremos”, a liberdade é desprendida de qualquer igualdade, quanto mais fraternidade.
Todos temos nossos cativeiros particulares dos quais queremos sempre fugir. É a fuga bem sucedida que eu chamo de liberdade. Exatamente aí que surge o conceito pessoal, íntimo e nada unânime. Já quando não sabemos do que nos desprender, mas ainda assim desejamos algo e o chamamos de liberdade, o termo se torna indefinível.
Nunca ouvi uma criança pedindo liberdade. É a fase da vida em que há mais liberdade. Pelo menos dentro de uma proporção entre o que se deseja e o que se tem.
Os jovens querem muito e muitos querem muito dos jovens. Assim nascem os cativeiros, a vontade de fazer e a sensação de não poder.
Liberdade é um desejo coletivo alicerçado em desejos individuais, não que não haja desejos individuais iguais.
Os adultos, quando jovens, conseguiram pouco do muito que queriam, fazendo-os parar de querer tanto.
Pouca coisa pendente, pouca coisa os prende. Pouco se quer. Pouco se tem. Para quê lembrar de falar das flores? E quem poderá dizer que eles já não são livres? Da mesma maneira que não há quem possa garantir que são felizes.
Não sei qual o limite entre felicidade e liberdade.
Sempre haverá algemas e sempre haverá o desejo de livrar-se delas.
Se digo isso apenas porque sou jovem, saberei apenas quando for adulto. No entanto, hoje, eu sei que ainda que os meus sonhos criem para mim cárceres imundos e cruéis,
Ainda que os meus desejos mais sinceros cobrem de mim uma responsabilidade desonesta,
Ainda que tudo que eu queira resuma-se a não sentir a obrigação de fazer o que quer que seja e que isso traga para mim um estereótipo equivocado.
Ainda que eu me torne refém de tudo que eu possa querer, nunca quero deixar de cantar “liberdade para dentro da cabeça”.

4 comentários:

  1. MUITO MUITO MUITO BOM!

    I'll Break away.

    Te amo escritora!

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  2. Muito bom baixinha, a peça te inspitrou mesmo né? rsrsrsrsrs

    Bem legal

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  3. Não entendi a relação irmão o.O
    que peça?
    Pq todo mundo tenta associar o que eu escrevo a alguma coisa que diga respeito a mim?
    o.o

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  4. Gostei muitO! Em especial esse trecho:
    "Todos temos nossos cativeiros particulares dos quais queremos sempre fugir. É a fuga bem sucedida que eu chamo de liberdade."

    Você conseguiu no seu conceito individual de Liberdade, ser universal. Vc já deve ter escutado isso um zilhão de vezes, mas escreve muito bem!
    Além de uma mente profusa vc tem uma forma de escrever que se faz entender... É criativo, louco, e até meio "didático" rsrsrsrs
    Parabéns [de novo] XD

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