domingo, 8 de novembro de 2009

All star

Perceber a mentira dos contos de fadas não é culpar a escassez de príncipes encantados, é admitir que não se é uma princesa.
E não poder culpar o outro machuca e entristece.
Sempre foi bom acreditar que existiria alguém no mundo que passaria a noite a procurar a garota do sapato de cristal n° 33/34.
Mas o encanto se desfez antes da meia noite.
A princesa não quer mais andar de salto alto.
Nem se quer acha que pode ser chamada de princesa, embora ainda preserve o desejo de a ser.
Sabe que não consegue ser a tampa da panela
O pé doente para o sapato velho
E só consegue ser a metade da laranja se for a parte podre.
Embora preserve o desejo de ser perfeita para alguém.
Ainda não o é e não lamenta exatamente por isso.
Só por aquela vontade de ser um pouco normal. Mas logo passa.
Como passa a emoção do amor. Como passa a tristeza da desilusão. Como passa a vontade de você. Como o trocadilho infame da uva passa.
De fato passa.
E pode ser que eu ate me sinta bem por andar de all star.
Por eu ser só minha ou de quem eu quiser.
Bem por não pertencer à esfera delicada dos romances aparentemente perfeitos e absolutamente findáveis.
Pode ser também, que daqui pra amanhã, eu queira um sapato de cristal, ou eu beije um sapo. Pode ser.
Mas hoje, o meu all star vermelho combina apenas com as minhas unhas.

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